Amor e morte são os temas centrais do universo poético do simbolista Alphonsus de Guimaraens (1870 – 1921). Por uma via biográfica, remetem-nos à Constança Guimarães (1871 – 1888), filha mais nova do escritor Bernardo Guimarães, tio-avô de Alphonsus. Constancinha, como era conhecida, protagonizou uma história de amor com Alphonsus, na perspectiva de um relacionamento amoroso da segunda metade do século XIX. Um namoro, admitido como noivado, mas que foi interrompido por uma doença implacável, a tuberculose. Nos versos do poema S. Bom Jesus do Matozinhos, publicado em 1904 no Conceição do Serro, o poeta descreve o encontro com Constança e os sintomas da doença:

          (…) Foi pelo meado de setembro,
          No jubileu, que eu vim amá-la.
          Ainda com lágrimas relembro
          Aqueles olhos cor de opala…
          Era tarde. O sol no poente
          Baixava lento. A noite vinha.
          Ela tossia, estava doente…
          Meu Deus, que olhar o que ela tinha!
          Ela tossia. Pelos ninhos
          Cantava a noite, toda luar.
          São Bom Jesus de Matozinhos
          Olhava-a como a que chorar…

O amor à Constança é sublimado nos versos alphonsinos. Sob o olhar de devoção do poeta, surge uma mulher idealizada, musa inspiradora. Mas quem é realmente essa moça que marcou profundamente a vida e a obra do poeta?

A exposição de tua Constancinha, realização conjunta do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens e do Arquivo Público Mineiro, composta por oito cartas escritas por Constança Guimarães para seus familiares, no ano de 1887, fotografias e documentos, aproxima-nos dessa adolescente de 16 anos, de suas vivências cotidianas na capital mineira, a cidade de Ouro Preto.

A carta, que tinha como única função a comunicação, passa a ser um registro memorialístico. A narrativa de Constança não se resume ao relato da vida privada, no sentido de apenas dar notícias aos familiares, é muito mais do que isso. Registra suas impressões sobre os fatos, relata acontecimentos da cidade, como a greve das normalistas, a vida estudantil, o aniversário da Escola de Minas, fala do seu estado físico e emocional, do sofrimento causado pelo tratamento da tuberculose.

Ana Cláudia Rôla Santos
Coordenadora do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens 

CONTANÇA GUIMARÃES
Retrato da Constança Guimarães - Acervo do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens

Amor e morte são os temas centrais do universo poético do simbolista Alphonsus de Guimaraens (1870 – 1921). Por uma via biográfica, remetem-nos à Constança Guimarães (1871 – 1888), filha mais nova do escritor Bernardo Guimarães, tio avô de Alphonsus. Constancinha, como era conhecida, protagonizou uma história de amor com Alphonsus, na perspectiva de um relacionamento amoroso da segunda metade do século XIX. Um namoro, admitido como noivado, mas que foi interrompido por uma doença implacável, a tuberculose. Nos versos do poema S. Bom Jesus do Matozinhos, publicado em 1904 no Conceição do Serro, o poeta descreve o encontro com Constança e os sintomas da doença:

          (…) Foi pelo meado de setembro,
          No jubileu, que eu vim amá-la.
          Ainda com lágrimas relembro
          Aqueles olhos cor de opala…
          Era tarde. O sol no poente
          Baixava lento. A noite vinha.
          Ela tossia, estava doente…
          Meu Deus, que olhar o que ela tinha!
          Ela tossia. Pelos ninhos
          Cantava a noite, toda luar.
          São Bom Jesus de Matozinhos
          Olhava-a como a que chorar…

O amor à Constança é sublimado nos versos alphonsinos. Sob o olhar de devoção do poeta, surge uma mulher idealizada, musa inspiradora. Mas quem é realmente essa moça que marcou profundamente a vida e a obra do poeta?

A exposição de tua Constancinha, realização conjunta do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens e do Arquivo Público Mineiro, composta por oito cartas escritas por Constança Guimarães para seus familiares, no ano de 1887, fotografias e documentos, aproxima-nos dessa adolescente de 16 anos, de suas vivências cotidianas na capital mineira, a cidade de Ouro Preto.

A carta, que tinha como única função a comunicação, passa a ser um registro memorialístico. A narrativa de Constança não se resume ao relato da vida privada, no sentido de apenas dar notícias aos familiares, é muito mais do que isso. Registra suas impressões sobre os fatos, relata acontecimentos da cidade, como a greve das normalistas, a vida estudantil, o aniversário da Escola de Minas, fala do seu estado físico e emocional, do sofrimento causado pelo tratamento da tuberculose.

Ana Cláudia Rôla Santos
Coordenadora do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens                                      

CONTANÇA GUIMARÃES
Retrato da Constança Guimarães - Acervo do Museu Casa Alphonsus de Guimaraens